terça-feira, 12 de junho de 2012

Jornalismo político em tempos de eleições


O avanço dos meios de comunicação no final do século XIX contribuiu para unir comunicação e política, e no início do século XX o jornalismo político brasileiro começou a crescer, obtendo solidificação a partir da década de 1970, com a elaboração dos artigos, das reportagens, das notícias sobre a política partidária do país.
No decorrer da história política brasileira, vários políticos souberam criar fatos, que visaram consolidar suas imagens públicas. A cobertura jornalística sobre política no Brasil sempre foi conceituada como exagerada, pois com a efervescência que se ergue sobre os meios de comunicação, cada declaração ou gesto de políticos notórios é reproduzida pelos jornais, televisões, emissoras de rádio e internet, sem, contudo, representar algo de novo. (ROMANINI, 2001)
O jornalismo político tem mostrado à sociedade como funciona a política partidária do Brasil, principalmente, em ano de eleições. Um período de grande demonstração da democracia brasileira, levando o cidadão a escolher através do voto os seus representantes que estarão defendendo a sua cidadania nos poderes executivo e legislativo.  O tema política partidária tem levado o profissional de comunicação a se especializar no assunto cada vez mais.
Assim como a ciência tem valores éticos, o jornalismo também é defendido por alguns autores como profissão com especificidade ética. Assim é que Karam (1997: 38 –39) afirma que
é preciso reconhecer no jornalismo – potencialmente – uma forma de reconstrução diária do movimento humano para si mesmo, no qual os homens se tornam não somente reflexo, mas também projeção. O jornalismo não é só moralmente defensável, ele é moralmente imprescindível.
A política brasileira tem elevado cada vez mais o tom das discussões a respeito dos destinos da população, e o jornalismo representa muito bem o seu papel nesse contexto, levando a público o que há de melhor e de ruim na política construída pelos inúmeros partidos e filiados. O papel do jornalismo e do jornalista é divulgar, com (imparcialidade?), ética e responsabilidade o que está acontecendo no cenário político, com objetivo justo e social: o de defender os direitos fundamentais do cidadão. O jornalista comprometido com a verdade deve, principalmente em época de eleições, ser um fiscal do povo, com informações que sejam relevantes e sirvam de orientação para a população.
Nos meses que antecedem as eleições, a sociedade acompanha pelos veículos de comunicação os “acertos” entre os políticos e os partidos. Mesmo antes das convenções partidárias, os pré-candidatos dão uma demonstração de como serão as eleições. É visível a “dança político x partido”. É nessa dança que são feitos os acordos, os conchavos envolvendo autoridades políticas e, até mesmo, jornalistas.
O fato mais recente voltou a ser destaque na Imprensa Nacional; o caso envolvendo o jornalista Policarpo Júnior (revista Veja) e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Em trechos das gravações feitas pela Polícia Federal e publicadas pelo site Carta Maior, no dia 10 de maio de 2011, Cachoeira conversa com o ex-diretor da Construtora Delta na região Centro-Oeste, Cláudio Abreu, deixando claro que Policarpo Júnior sabia da ligação do contraventor com a Delta, mas não iria divulgar nada porque o interesse seria mostrar outra questão ligada à empresa. Como jornalista, ele feriu o que está disposto no Código de Ética dos Jornalistas no seu artigo 7º, inciso IX: “valer-se da condição de jornalista para obter vantagens pessoais”.
O procedimento correto de um jornalista não é o de participar de acertos políticos com objetivo de conseguir vantagens financeiras, mas o de noticiar, de deixar bem informada a população sobre os acontecimentos em qualquer segmento da sociedade, defendendo os direitos fundamentais do cidadão, com ética e responsabilidade.

Eraldo Souza e Wilson Sandes


REFERÊNCIAS
http://www.espacoacademico.com.br/003/03etica.htm
www.jornalismocientifico.com.br/revista/05/.../artigo_alba-araujo.pdf
http://noticias.r7.com/brasil/noticias/novas-gravacoes-complicam-jornalista- da-revista-veja-20120518.html

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