O Código de Ética
dos Jornalistas Brasileiros estabelece um padrão de comportamento para
profissionais da área baseado na Constituição de 1988. Dentre as áreas de
atuação, a assessoria de imprensa se destaca como a mais distante dos
princípios éticos dispostos no código deontológico, sendo praticamente
impossível, conforme suas regras, ser um “assessor ético”. Logo, o exercício do
jornalista nesse campo cria uma perspectiva paralela de ética pautada no
profissionalismo.
O primeiro artigo do
capítulo I do Código de Ética diz que “tem como base o direito fundamental do
cidadão à informação, que abrange direito de informar, de ser informado e de
ter acesso à informação”. O segundo dispõe que o jornalista não deve impedir o
acesso a informação de relevante interesse público para atender interesses
particulares e de terceiros. Mas não é isso que vemos nas assessorias de
imprensa. Nelas, o direito a informação é deixado de lado e dá vez ao
interesse do contratante, transformando o que é fato em “notícia comprada” e
manipulada, muitas vezes apelativa. Como assessor, o jornalista trabalha as
informações de forma a construir boas impressões da instituição, empresa,
pessoa, etc.
Enquanto os
jornalistas de redação têm compromisso fundamental com a verdade no relato dos
fatos (Art. 4), muitas vezes, o “dever” dos assessores é justamente o de omitir
informações (se necessário) para proteger o assessorado. Para eles é impossível
seguir as orientações do código de ética dos jornalistas, o que os tornaria
antiéticos. Porém, as assessorias se baseiam numa ética construída pela relação
profissional onde o jornalista assessor defende os interesses de quem o
contrata. O assessor que exerce sua função de forma profissional está,
consequentemente, sendo ético aos olhos dos seus contratantes.
Diferenciam-se
também a assessoria pública da assessoria privada. No setor público existem
jornalistas concursados que prestam serviço como assessor e possuem mais
liberdade quanto às suas publicações. Caso este venha a publicar algo
prejudicial ao órgão, as consequências do seu “erro” serão mínimas ou talvez
nem existam, afinal, há a proteção da estabilidade do setor público. Já na
iniciativa privada, o assessor é pressionado diariamente a acertar, pois a
tolerância não existe e seu emprego está sempre à mercê da repercussão do que é
publicado e da felicidade do patrão.
É importante
ressaltar que Código de Ética não é seguido de forma fiel nem nas redações. A
utópica imparcialidade jornalística por si só já desconstrói a ideia de
jornalismo ético, pois a escolha de uma palavra em detrimento de outra pode ser
considerada como manipulação. Além disso, todos os meios de comunicação estão
ligados a políticos, que por sua vez, impossibilitam a livre veiculação de
notícias. Nas assessorias não poderia ser diferente. Interesses
políticos, institucionais e particulares também são defendidos, por vezes, de
forma escancarada.
Há quem diga que
assessoria de imprensa não é jornalismo por causa das diferentes formas como
lidam com a informação. Entretanto, do ponto de vista ético, ambos se aproximam
e não conseguem seguir de forma fiel os princípios estabelecidos no Código de
Ética dos Jornalistas Brasileiros. Se nem mesmo o jornalismo redacional
consegue ser ético, o que dirá a assessoria de imprensa. Cabe a cada
profissional jornalista ou assessor decidir até onde pode e quer contrariar o
Código.
Leonardo
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