O Brasil passou a
acompanhar, a partir do dia 14 de maio de 2005, um dos maiores escândalos
políticos. A revista Veja publicou, neste dia, uma reportagem denunciando
Antônio Marinho, funcionário dos Correios, responsável por cobrar propina
de empresários. Marinho ocupava um cargo indicado pelo ex-deputado Roberto
Jefferson e foi flagrado por uma câmera oculta recebendo R$ 3 mil de possíveis
interessados em vender licitações estatais.
Esse não foi o
primeiro caso de corrupção nem foi o último, mas um ponto chave que vem se
repetindo, assim como os casos de corrupção, é a utilização de câmeras ocultas
na prática do jornalismo. É comum um repórter usar de falsa identidade para
conseguir as informações que precisa e, ainda, fazer o uso de câmeras
escondidas. Só esquecem de um detalhe: jornalista não é policial.
Outro caso polêmico
é o do jornalista da Rede Globo de Televisão, Tim Lopes. No dia 02 de junho de
2002, munido de uma microcâmera escondida, ele subiu a favela Vila Cruzeiro, no
Rio de Janeiro. Seu objetivo era gravar o baile funk organizado por traficantes
de drogas. Tim havia recebido denúncias de alguns moradores, que afirmavam a
participação de menores nesse evento e a exploração sexual destes, além da
venda de drogas. O jornalista, ao ser descoberto, foi morto por criminosos do
Comando Vermelho. Tim extrapolou os limites da investigação, arriscou a vida e
pagou o preço por não ter tido o cuidado de informar à justiça o que pretendia
fazer, para receber o amparo dos Poderes Executivo e Judiciário.
Diferentemente do
jornalismo estadunidense, que possui uma equipe encarregada de pesquisar
documentos, buscar entrevistas e fontes e, com o resultado da investigação,
acionar as autoridades e, só a partir de então, ligar a câmera, o jornalismo
brasileiro utiliza meios ilícitos para buscar a “verdade”, cometendo um erro
por cima do outro para tentar mostrar uma prática ilegal de outrem, utilizando
a máxima de o fim justificar os meios como lema.
Quando se trata de
casos de corrupção política, tudo depende do meio de comunicação que o
jornalista trabalha, de suas reais intenções. A partir disso, o risco maior é
que o jornalista sinta-se acima da ética profissional e busque a todo custo as
“provas”, fazendo o uso das câmeras ocultas. A discussão é complexa, pois
sempre vai estar ligada às intenções de quem utiliza as câmeras. Quem poderá
questionar isto?
Daiane
Meire e Marília Macedo
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